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A propósito do resgate dos mineiros no Chile e desconfiando da ironia do ciclo do eterno retorno, lembrei estas palavras que Pablo Neruda nos deixou na sua autobiografia, publicada em 1974, depois da sua morte
:" (...) o meu prémio é esse momento grave da minha vida quando na mina de carvão de Lota, sob o pleno sol na salitreira abrasada, da cova escavada na falésia, subiu um homem como se tivesse subido do Inferno, com a cara transformada pelo pó, e estendendo-me a mão endurecida, essa mão que leva o mapa da pampa nos seus calos e nas suas rugas, me disse com os olhos brilhantes: 'já te conhecia há muito tempo, irmão'. Esses são os louros da minha poesia, esse buraco na pampa terrível, de onde sai um trabalhador a quem o vento e a noite e as estrelas do Chile disseram muitas vezes:'tu não estás sozinho; há um poeta que pensa no teu sofrimento'." - PABLO NERUDA, Confesso que he vivido.* são muito raras as incursões crónicas neste blogue, mas dada a imposição da circunstância e a aridez poética que me assiste, só posso curvar-me de novo perante um gigante e dizer-lhe, que hoje, vi a sua história repetir-se.