Era uma vez uma borboleta pura
cuja essência
era a ideia do seu ser
dentro de um casulo
a saber - uma lagarta.
Era por isso uma triste
e contemplativa borboleta
como um poema ferido na sua condição
concebido por um filósofo
idealista na construção
dialéctica de um sistema
onde a antítese
da borboleta
era o ser de um insecto
nocturno - uma traça.
Dois pares de asas membranosas
cobertas de escamas
e peças buçais adaptadas
à sucção das páginas
de todos os nomes do dicionário
com uma apurada capacidade
de mastigação do papel
definiam a natureza voraz da lagarta.
Uma assassina larvar inteligível
transformada pelo impulso
sensível do poeta
em mariposa.
2010-02-23
2010-02-21
Se eu fosse uma gotinha de água saltava das nuvens
e aterrava na terra.
Se eu fosse uma gotinha de água regava os campos
e as flores do jardim.
Se eu fosse uma gotinha de água do oceano era salgada
e nadava nas ondas do mar com os peixes.
Se eu fosse uma gotinha de água era muito redonda
e límpida e transparente.
Se eu fosse uma gotinha de água deixava-me
beber para não morrer à sede.
Ana Beatriz Costa de Oliveira (8 anos)
e aterrava na terra.
Se eu fosse uma gotinha de água regava os campos
e as flores do jardim.
Se eu fosse uma gotinha de água do oceano era salgada
e nadava nas ondas do mar com os peixes.
Se eu fosse uma gotinha de água era muito redonda
e límpida e transparente.
Se eu fosse uma gotinha de água deixava-me
beber para não morrer à sede.
Ana Beatriz Costa de Oliveira (8 anos)
2010-02-11
2010-02-02
Até que um dia o sol
penetrou no quarto
através da vidraça
e disse que a luz que lá havia
era o ardor de uma menina rebelde
com as órbitas dos olhos paralisadas
pelo espanto da combustão do seu coração
como os motores de um avião a jacto a arder
e a despenhar-se
com as suas asas transformadas
em duas bolas de fogo
como se fossem as asas de um anjo
inventado pelo malabarismo do poeta
para cantar o amor
para dentro da página em branco
para cantar a sua loucura
interior.
penetrou no quarto
através da vidraça
e disse que a luz que lá havia
era o ardor de uma menina rebelde
com as órbitas dos olhos paralisadas
pelo espanto da combustão do seu coração
como os motores de um avião a jacto a arder
e a despenhar-se
com as suas asas transformadas
em duas bolas de fogo
como se fossem as asas de um anjo
inventado pelo malabarismo do poeta
para cantar o amor
para dentro da página em branco
para cantar a sua loucura
interior.
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