2009-10-09

Um dia haverá
em que talvez encontres
o portão de uma velha casa.

Atreve-te a entrar - avança
um a um os degraus
até encontrares o quarto
onde encerrados
os meus olhos
se alagam de castigo.

Abre depois as janelas
para que a luz
se reflicta nas águas
onde mergulhado
eu sonhava
o infinito das horas
em que entardecias.

Dar-me-ás às mãos
o teu corpo a beber
e como se tu fosses
uma árvore,
eu felino
escalarei o teu tronco.

Ou como um pássaro,
me abrigarei dentro de ti
e quererei fazer ninho
dentro do teu tronco
e com o bico
desenharei o doce fruto.