Aos trinta e um dias do mês de Dezembro de dois mil e oito
pelas vinte e três horas e cinquenta e nove minutos
reuniu na sala de jantar de casa de seus pais a família de dois mil e nove.
Eram exactamente zero horas do dia um quando a família de dois mil e nove
brindou de copo em riste: quatro, três, dois, um...
à saúde, à felicidade, ao amor.
A família de dois mil e nove é constituida pelo pai que sou eu
e as minhas duas filhas em dois mil e nove
precisamente às zero horas do dia um.
A mais velha, chama-se A.B. tem sete anos
lê e escreve com correcção sintática tanto o seu nome como o meu.
Gosta de futebol, de fazer fintas ao pai que sou eu e de andar de bicicleta.
A mais nova, L.M. dois anos e meio, é loira e menos parecida comigo
tem os olhos claros e gosta de bonecas.
Diz com correcção sintática e semântica que é linda.
Às zero horas do dia um de dois mil e nove
zero horas e um, dois, três minutos.... para ser mais exacto
na sala de jantar de casa da família de mil novecentos e setenta e três
com os meus pais a dormir
levantei o copo em riste
à saúde, à felicidade, ao amor
e bebi o champanhe.
Enquanto eu for vivo continuarei a beber o mesmo champanhe.
Daqui a duzentos anos ainda se levantará o copo em riste à saúde, à felicidade e ao amor
da única família que tenho no dia um de dois mil e nove.