
Não se podem desenterrar os mortos
podemos quando muito oferecer-lhes flores
flores cortadas a um jardim
flores mortas que se deitam ao chão em que repousam os mortos.
Se um dia eu morrer não quero que seja assim.
Plantem de mim o que resta debaixo do pinheiro manso da minha casa
do mais alto onde algumas pinhas se atiram maduras ao chão
e que os pinhões se semeiem nos meus ossos, no fémur, nas tíbias, no crânio, nos cabelos...
que os pinhões aproveitem toda a biodiversidade metafísica deste húmus
e um novo pinheiro manso se levante,
Um pinheiro ou uma roseira brava como a que existe ali mesmo ao lado.
Que nela pousem muitas abelhas e transportem para qualquer parte a minha flor
ou então que sejam as rolas, as rolas turcas que ali fazem ninho
que sejam elas a levar no papo o pinhão que resta de mim.
e a inteira biodiversidade metafísica do meu coração.
1 comentário:
Só agora tive acesso aos teus blogs. Aparece mais vezes, os amigos não se esquecem. Um beijo Ana, Chaves
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