2011-01-25

No princípio dos tempos era a noite
e o dia pronto a nascer dentro noite
dentro do dia havia uma casa
e um homem num quarto
dentro da casa
no princípio dos tempos
havia no quarto dentro da casa
um homem
e uma mulher
que gerava frutos dentro do ventre
que se acendiam como luzes
para fora do dia
onde uma criança brincava
e envelhecia
na esperança que uma árvore
lhe nascesse por debaixo dos pés
para a fazer levitar
até à janela do quarto do homem
por não suportar
escutar nele o gemido
louco da mãe
que luzia
para fora da noite.

3 comentários:

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

De sua criança lembrei-me de um Príncipe, que queria cuidar de algo, para que este lhe pertencesse.
Seria sua criança protetora ou apenas enciumada?
Ou quiçá, curiosa?

Beijo :)

Anónimo disse...

Queiramos nós exterioraz... para fora... aquilo que de mais íntimo nos vai cá dentro? Não sei se sempre conseguimos atingir em plenitude os nossos objectivos.

Esse poema é um dos meus favoritos, se bem que não seja propriamente fácil eleger o pódium... muitos são aqueles que escalam para os lugares cimeiros.

José Miguel de Oliveira disse...

Obrigado pelo elogio à minha literatura. Agora, decerto é aproximada a hora de publicar em livro este é outros poemas. São mais 30 anos de poesia e 50 de idade. Não sei se avanço, mas estou a pensar em reunir em livro toda a minha poesia.