2010-10-14

A propósito do resgate dos mineiros no Chile e desconfiando da ironia do ciclo do eterno retorno, lembrei estas palavras que Pablo Neruda nos deixou na sua autobiografia, publicada em 1974, depois da sua morte:" (...) o meu prémio é esse momento grave da minha vida quando na mina de carvão de Lota, sob o pleno sol na salitreira abrasada, da cova escavada na falésia, subiu um homem como se tivesse subido do Inferno, com a cara transformada pelo pó, e estendendo-me a mão endurecida, essa mão que leva o mapa da pampa nos seus calos e nas suas rugas, me disse com os olhos brilhantes: 'já te conhecia há muito tempo, irmão'. Esses são os louros da minha poesia, esse buraco na pampa terrível, de onde sai um trabalhador a quem o vento e a noite e as estrelas do Chile disseram muitas vezes:'tu não estás sozinho; há um poeta que pensa no teu sofrimento'." - PABLO NERUDA, Confesso que he vivido.
* são muito raras as incursões crónicas neste blogue, mas dada a imposição da circunstância e a aridez poética que me assiste, só posso curvar-me de novo perante um gigante e dizer-lhe, que hoje, vi a sua história repetir-se.

5 comentários:

OutrosEncantos disse...

Sempre que escreves tu fazes poesia.
A aridez passou ao lado de ti.
És imensamente intenso e eu curvo-me a esse sentir sempre que te leio como tu te curvas perante os teus gigantes.
Esta homenagem a Neruda, bem como aos mineiros em sofrimento é uma prova disso.
Te abraço.

Anónimo disse...

foi bonita a lembrança do neruda!
Vivian

OutrosEncantos disse...

Olá Zé!

Tem prémio DARDOS p'ra ti, aqui:

http://meusamigosseusmimosmeusencantos.blogspot.com/

quer ir buscar?! :-)
Beijo.

Lídia Borges disse...

Pablo Neruda! A inda hoje o revisitei.

A aridez poética não tem aqui lugar. Uma crónica pode ser também, um texto poético.


L.B.

José Miguel de Oliveira disse...

Muito obrigado. Continuo a ser um anão de 1.78 m que necessariamente se curva perante a arte de Neruda.