2010-06-06

É inteiramente
justificada uma paixão
como justificada
é a natureza
de uma onda gigante
a levantar-se
para engolir
um barco.

Nada direi do amor
nem de sua justiça
como não se podem julgar
os beijos atirados
pelos marinheiros
do fundo do mar
para aviltar as viúvas
que bordam na praia.

Nada direi:
porque "tudo é justo e injusto
e igualmente justificado".

5 comentários:

Helena Figueiredo disse...

Caro poeta,
poucas palavras, mas repletas de conteúdo e beleza.
Achei muito interessante este poema.
Saudações
Helena Figueiredo

Anónimo disse...

As palavras justificam até mesmo o que escondemos, sentem o que não mostramos sentir.

Beijos, poeta.

Graça Pires disse...

Um poeta que sabe que as palavras se entregam ao que é justo e justificado mesmo na injustiça...
Um belopoema.
Beijos.

Gabriela Rocha Martins disse...

da necessidadede justificar a falta...... ( a vermelho? )



.
um beijo

Lídia Borges disse...

Procurar justificações para o que se justifica apenas pela existência não embrionária das "coisas"

L.B.