2010-02-02

Até que um dia o sol
penetrou no quarto
através da vidraça
e disse que a luz que lá havia
era o ardor de uma menina rebelde
com as órbitas dos olhos paralisadas
pelo espanto da combustão do seu coração
como os motores de um avião a jacto a arder
e a despenhar-se
com as suas asas transformadas
em duas bolas de fogo
como se fossem as asas de um anjo
inventado pelo malabarismo do poeta
para cantar o amor
para dentro da página em branco
para cantar a sua loucura
interior.

6 comentários:

Anónimo disse...

Poetizar já é bem intransitivo...
Mas como não complementá-lo?

Gostei do texto!

Abraços.

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

José, que poema mais delicado.
Que o sol fale sempre contigo, para que nos presenteie com versos tão galantes

Beijo

mb disse...

Este poema retrata também a criação literária: o talento do poeta,esta "luz" que se traduz em combustão no coração e se despenha brilhantemente no papel em branco...e nasce o poema...esta conunhão de palavras que passa de boca em boca...
Vou fazer deste poema um dos meus poemas de estimação :)
Beijinhos

Anónimo disse...

E porque não deixas esse poema nascer, com a mesma força explosiva com que arde dentro de ti?
Imagino que será o teu poema mais belo!
Provoca esse parto e deixa-me ser a primeira pessoa a pegar nele.
Tenho saudades de sentir a vida a pulsar-me nas mãos.
"Lágrima"

jorge vicente disse...

a loucura mais bela e intensa :)

óptimo poema :)

um grande abraço
jorge vicente

MeuSom disse...

És fantástico!...
... aqui na minha mão o seu coração que pulsa...
... continuo no entanto apaixonada pelo que lhe deu origem, que pena não poder voltar a lê-lo!
Obrigada, beijo!