2009-11-27

meu amor
agora que já não me ouves
gostava ainda de te dizer isto

quando te disse que te amo imaginava
ainda que continuaríamos de mãos dadas
como duas crianças no regresso da escola

mas acontece que na casa nova onde moro agora
há apenas as flores que me trazes aos sábados
e a caixa dos ossos onde me meteste num domingo

e por isso lembra-te que quando parti não foi porque
me tenhas dito que aquela casa onde moravamos os dois
era tua, só tua, de mais ninguém

não tens que te sentir uma assassina por me terem
encontrado morto se apenas pediste para te deixar só

porque no fundo eu só mudei de casa
meu amor.
(história do último desejo do homem que queria ser poeta)

7 comentários:

Lara Amaral disse...

O egoísmo pode ser uma chave para diferenciar o que alguém sente.

Nem todos estão prontos para se doar.

Mas aqui na sua poesia, o sentimento é doado por inteiro.

Gosto muito de ler-te.

Beijos.

Graça Pires disse...

Um excelente poema, tocando o sentido das escolhas que magoam...
Um abraço

bonecadetrapos disse...

li algures "a casa é onde o coração habita"

a sua poesia é casa que nos acolhe plena na qualidade do verbo e do sentimento.

saudações com estima
*___bonecadetrapos___*

Gabriela Rocha Martins disse...

divino



.
um beijo

José Miguel de Oliveira disse...

os vossos comentários dão-me vontade de continuar a desbravar o caminho... obrigado

lupuscanissignatus disse...

gume

bem

afiado

o destes

vocábulos




*abraço*

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Chegando pra conhecer seu espaço, vou ler com calma depois volto pra comentar.
Que bom esse bálsamo bendito chamado poesia.
Bjins entre sonhos e delírios