Havia na casa dos avós um sótão
onde a criança revolvia o passado
e dele nasciam ovos e embriões
de muitas mães celestiais
que eram truncados
pelo desejo dos filhos.
(...)Havia na casa dos avós
portas impensáveis por abrir
e a criança concebia uma máscara
para fingir que se encontrava
prisioneira do seu tamanho
porque estava sempre de cócoras
no presente e o futuro
era um tempo de outra altura.
(...)Até que um dia
a criança se levantou do silêncio
e voou da janela de casa
para que os pais assistissem
ao seu nascimento donde do fundo
da carne, da pele e dos ossos
se escreveu no céu uma nova língua
e se ergueu outra cidade.
3 comentários:
Abraço, José!
... e na minha cabeça as memórias das tuas palavras. Tinha saudades de ler-te.
Sempre tão difícil sabermos onde estamos acordados...
Lindo, o teu poema!
L.B.
"Até que um dia
li este poema e me levantei
do silêncio
e voei da janela de casa"
É o efeito que me provoca este poema. Afinal acho que não vou precisar de nenhum tsunami :)
Grande poema, poeta d'Elvas
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