2009-02-03

Poema da decomposição

Este é o poema da decomposição
O poema da decomposição dos ossos da cabeça
frontais
temporais
parietais e occipitais.

O poema sobre a decomposição dos ossos da face
malar
maxilar
nasal e mandíbula.

O poema sobre a decomposição dos ossos dos ouvidos
martelo
bigorna
e estribo.

O poema sobre sobre a decomposição dos ossos do pescoço - hióide
e da cintura escapular
- omoplatas e clavículas.

Da decomposição da falta de ar do tórax - esternos e costelas
Da dos ossos começados por U como úmero
por R como rádio e que toca no lugar perto do cúbito.

Da decomposição do ossos das pernas - Fémur, tíbias e perónios
Ossos das mãos que são escafóides e semilunares que saltam trapézios
metatarsos, metacarpos
falanges, falanginhas e falangetas…

E ossos pélvicos com nomes púbicos que guardamos na cabeça
E o cóccix
de onde desaguam
a física das moléculas orgânicas e inorgânicas
astro-física e física das partículas atómicas
princípios de incerteza e teorias da relatividade.

Este é o poema da decomposição do músculo do coração a compasso
– sístole e diástole.
E das descargas eléctricas, protões e neutrões dentro dos átomos
e taquicardias e arritmias que descompassam o compasso
e vagões de protões e neutrões nos comboios a compasso também.

E mentes inquietas dentro dos comboios com os ossos por dentro
ossos de homens, mulheres e crianças com a sua filosofia
o princípio da natureza de que tudo é livre em ser livre de o não ser.

Este é o poema da decomposição.

4 comentários:

Patareco disse...

ora aí está ele de volta no seu melhor depois de um mês de ausência.
abraço

Anónimo disse...

pungente-ósseo!

Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO

anjo disse...

José Miguel,

Agradeço muito a tua simpatia. Peço que voltes sempre ao Sítio.

Um abraço grande »»»

Infame da Vileza disse...

É tão bom quando as tuas sístoles e diástoles se transformam em palavras registadas pelas tuas falanges falangetas e falanginhas!
Um abraço!