2009-02-17

Eu gostava de te dizer, amor só
para que saibas como
uma notícia de jornal escrita na
primeira página
que alguém te lê ao acordares
uma notícia que ninguém
espera como a morte.

Eu gostava de te dizer, amor antes que seja tarde
e se souberes ler o jornal olhos nos olhos
sem as lágrimas despoletadas pela circunstância
compreenderás que às vezes
o amor se escreve ao contrário
se escreve com as mesmas letras da cidade onde mora o papa
e é só isso.

Eu gostava de te dizer, amor mesmo depois
de me ter ido embora,
se te lembrares da carne que um dia fomos
perceberás que as letras com que o amor se escreveu não importam
se olhares para o fundo de nós amor
os teus olhos nos meus
a mesma luz que um arrepio bastou para apagar.

Eu gostava de te dizer que o nosso amor
foi muito mais do que as suas letras ao contrário
o nosso amor nunca se importou com o seu desenho
e se não quiseres que ele possa ser mais nada
a não ser este amor escrito e de papel
este amor num poema como notícia de primeira página
as letras da cidade ao contrário na primeira página...

Eu gostava de te dizer
gostava de ter sido eu a dar-te a notícia
sempre soube que o nosso amor
haveria de queimar como um trapo
por culpa de Pedro e dos cristãos
dessa cidade AMOR onde fomos imperadores
tu e eu como Nero a ver ROMA a arder e a cantar.

5 comentários:

Infame da Vileza disse...

Lindo!
Obrigada por colares estas palavras ao meu ouvido.
Fazes-me falta!
Um abraço!

Carla Ribeiro disse...

Magnífico...

Anónimo disse...

Prezado José Miguel de Oliveira.

Sou um poeta brasileiro. Descobri o seu blog, o seu email e o seu interesse pela literatura ao navegar pelo Blogspot.
Aí vai meu endereço: http://poemargens.blogspot.com.
Visite e divulgue.

Abraços,

Zantonc

Anónimo disse...

Criativo, intenso, ao mesmo tempo preso a realidade, sem divagações insensatas.

Agradeço por desfazer o emaranhado dos meus sentimentos de forma tão bela.

José Miguel de Oliveira disse...

Obrigado. Se o escrevo é por julgar haver quem me leia.