2007-02-07

Há uma morte lenta em cada cigarro
uma morte de Prometeu
agrilhoado ao tabaco
ou à promessa
da nascente límpida dos teus olhos.
não dos meus.

Por esses olhos, por esses olhos Afrodite
acendo maços inteiros e maços inteiros.

O homem polui os rios e os oceanos
e eu também poluo o ar.
O teu ar e o meu
como um pirómano acabado de descobrir o fogo.

A justiça de Zeus e da paz no Olimpo condenou-me
e a minha culpa mortal e inocente do desejo vai-me matando devagar.

Aguardo que Heracles me venha salvar com a lança de Cupido
e trespasse esta águia que devora os meus pulmões.

Enquanto isso,acendo outro cigarro
porque afinal não tenho grilhões nas minhas mãos,nem as pernas cortadas.

Foi a ocasião que me fez ladrão ou a liberdade.
Para que o incêndio da boca renove o silêncio do corpo.

E uma nova morte, uma nova morte eu encontre lentamente neste cigarro
como se morresse lentamente num beijo

para sempre guardado nos teus olhos Afrodite.

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