2006-12-05

Para nomear mulheres os poetas dizem musas e por isso tudo o que aprendi das teorias da literatura sobre a inspiração poética está errado.
A teoria da literatura serve para matar a poesia e a alma dos poetas sugando-lhes o sangue das metáforas, como de resto fazem às musas. Envenenam de enxofre o processo de génese do poema, abortam a criatividade à nascença.

as musas são flores da cabeça
extremamente belas na cabeça
e com odores difíceis e inacessíveis ao faro da crítica literária.


podia dizer-vos que Platão estava certo com a sua alegoria
e que todas as mulheres sensíveis não são mulheres de verdade.
podia dizer-vos que as musas não são mulheres nem ninfas
mas fantasias celestes de um reino inteligível.
podia dizer tudo isso como fazem os críticos literários para matar o poema.
podia dizer que os poetas são mais felizes
quando as suas mãos estão ocupadas nas coxas ou cabelos de mulheres sensíveis.
dizer a todos vós que apreciais jornais e revistas
a poesia morreu vítima de homicídio involuntário.
foram os críticos que mataram o último verso
onde uma musa nascia do próprio poema.


Deixo-vos um verso só:

as musas são o sémen da cabeça.

(pedireis aos críticos literários que dissequem este último verso e o coloquem num tubo de ensaio para inseminar no futuro uma terra estéril onde a poesia não vive)

5 comentários:

Anónimo disse...

"tudo o que aprendi das teorias da literatura sobre a inspiração poética está errado."
(...)

"A teoria da literatura serve para matar a poesia"

Ao matar a teoria da literatura enquanto disciplina.
Criou a sua teoria sobre a literatura/poesia.
Contra____________senso?

Fui.
Voltarei.
Diz Ela*

inominável disse...

anda lá, destila mais uns versos... este já é antigo!!!

Anónimo disse...

a musa pode ser uma rocha ou algo que nos inspira na criação de imagens, sentimentos, criação, re-criação e arte.
tudo vai daquilo que cada um necessita e quer neste mundo poético.
a poesia não pode morrer sem a humanidade!

no entanto, minha cara eu gostei da sua reflexão e conclusão.

vou continuar a ler este canto.

José Miguel de Oliveira disse...

O autor destas páginas de deliriopoético não é uma Ela. O autor é homem de nascença e de existência. Apesar de muito apreciar o feminino, gostaria de morrer homem também. Obrigado pelo comentário anterior. Foi só um pequeno reparo. Philosophos é pseudo pseudónimo do José.

Klatuu o embuçado disse...
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